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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Biblioteca Britânica coloca manuscritos gregos na internet .

Biblioteca Britânica coloca manuscritos gregos na internet

A Biblioteca Britânica, em Londres, colocou na internet mais de um quarto dos seus manuscritos gregos, totalizando 280 volumes, em mais um passo rumo à digitalização completa desses importantes documentos antigos
Os manuscritos, disponibilizados gratuitamente na internet, são parte de uma das mais importantes coleções localizadas fora da Grécia para o estudo de mais de 2.000 anos de cultura helênica.

A biblioteca detém um total de mais de mil manuscritos gregos, mais de 3.000 papiros e uma abrangente coleção de impressos arcaicos gregos.

As informações interessam a acadêmicos que trabalham com literatura, história, ciência, religião, filosofia e arte do Mediterrâneo Oriental durante os períodos clássico e bizantino.

"Isso é exatamente o que todos esperávamos da nova tecnologia, mas raramente tínhamos", disse Mary Beard, professora de cultura clássica da Universidade de Cambridge.

"Isso abre um recurso precioso para qualquer um --do especialista ao curioso-- em qualquer lugar do mundo, gratuitamente."

Entre os destaques do acervo digitalizado estão os Salmos de Theodore, altamente ilustrados, produzidos em Constantinopla em 1066, e as fábulas de Babrius, descobertas em 1842 no monte Atos, que contêm 123 fábulas de Esopo corrigidas pelo grande acadêmico bizantino Demetrius Triclinius.

A iniciativa, financiada pela Fundação Stavros Niarchos, se soma a outros projetos da biblioteca para ampliar a divulgação de documentos antigos, frágeis e raros.

Outros projetos digitais incluem um caderno de Leonardo da Vinci, do século 16, e o Codex Sinaiticus, do século 4., contendo a mais antiga cópia completa do Novo Testamento.
(Reuters)
(Folha de SP, 28/9)

UFRJ regulamenta direito à informação

UFRJ regulamenta direito à informação


O Conselho Universitário (Consuni) aprovou na quinta-feira, 23 de setembro, uma resolução regulamentando a reprodução, em cópias reprográficas, de livros, revistas científicas e periódicos na UFRJ

A universidade manifestou, também, por meio de moção, veemente repúdio a arbitrária invasão da Escola de Serviço Social por parte da Polícia Civil, dia 13 de setembro, quando foram apreendidos mais de 200 pastas com textos e artigos que se encontravam na fotocopiadora da Escola.



A resolução teve por fundamento o artigo 207 da Constituição Federal, o qual dispõe que "as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão" e objetivando conciliar a proteção dos direitos intelectuais de autores de obras escritas, bem como o direito à informação de estudantes, pesquisadores e docentes, decidiu pela permissão de reprodução, sem finalidade lucrativa, de trechos, como capítulos de livros e artigos de revistas ou periódicos, mediante solicitação individual e para uso próprio.



Além disso, o Conselho aprovou no artigo 2º da resolução, a reprodução integral, em cópias reprográficas, de exemplares de livros, que integrem o acervo das bibliotecas da UFRJ, desde que atenda a pelo menos um dentre quatro pré-requisitos: sejam obras esgotadas sem republicação há mais de 10 anos; obras publicadas no exterior e indisponíveis no mercado nacional; obras de domínio público, e obras nas quais conste expressa autorização para reprodução.



O Consuni autorizou ainda os docentes da UFRJ a disponibilizar material destinado às disciplinas que ministram, com vistas a reprodução reprográfica para estudantes regularmente inscritos.



Manifestações de repúdio



A Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ) foi invadida pela Polícia Civil, sem que seus agentes portassem mandado judicial ou qualquer outro documento que autorizasse a ação da força policial. A arbitrariedade foi motivada por uma denúncia anônima de violação da lei de direito autoral.



Os agentes, acompanhados pela delegada-chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), apreenderam pastas, textos e equipamentos, insultaram estudantes, docentes e funcionários, e demovidos - por pressão destes - da intenção de prender o permissionário do serviço de fotocópias, Henrique Papa, levaram-no à delegacia, onde o interrogaram e indiciaram pelo suposto delito.



A diretora da ESS, Mavi Rodrigues, convidada a se pronunciar perante o Conselho, qualificou o ocorrido como um ataque á autonomia universitária. "Além das armas e da truculência, não portavam qualquer procedimento formal, que indicasse o direito de realizar busca e apreensão", protestou Mavi. O discurso de Mavi pode ser visto na íntegra, na filmagem da WebTV.



O conselheiro Anderson Tavares, representante do corpo discente, destacou que a necessidade de acesso a textos e livros entra em contradição com a política de propriedade intelectual. Para o conselheiro, o ocorrido na ESS explicita como o acesso a livros e textos didáticos não foi "abraçado" pela universidade como parte de sua política de assistência estudantil.



A conselheira estudantil Clara Gomide pediu voz a Rafael Lopes, representante do centro acadêmico da ESS, que, em sua manifestação, afirmou que a lei não beneficia os estudantes e, sim, à "máfia" das editoras. "Recebendo uma bolsa de 360 reais, o estudante já tem dificuldades para pagar por xérox, que dirá por livros. O curso de Serviço Social é da classe trabalhadora", destacou o estudante.



Durante a sessão, o reitor Aloisio Teixeira informou que o funcionário Henrique Papa está sendo assistido pelo Núcleo de Prática Jurídica, da Faculdade de Direito.



A Reitoria orientou a Divisão de Segurança (Diseg) a solicitar mandado judicial ou autorização da universidade a autoridades policiais e, na inexistência destes, lhes vedar a entrada nos campi. O reitor esclareceu aos conselheiros que enviou carta ao governador protestando contra a atuação da Polícia Civil e solicitou uma audiência com o secretário de segurança José Mariano Beltrame.



O Consuni aprovou, ao final da sessão, uma moção de repúdio à ação da Polícia Civil, exigindo a devolução do material apreendido.

(Bruno Franco, do Jornal da UFRJ)

Evento no CORECON

Curso de Pós Graduação Básica

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Unesco e MEC lançam coleção sobre história da África

Unesco e MEC lançam coleção sobre história da África
Sete anos depois de ser aprovada, a lei que inclui o estudo da cultura e da história da África como conteúdo obrigatório em todas as escolas brasileiras ainda não saiu do papel, na maioria do país. Um das razões é a falta de material de qualidade para que os professores possam trabalhar o tema com os alunos.
Para tentar preencher essa lacuna, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) lança em novembro uma coleção de oito volumes sobre a história da África. As obras serão utilizadas como base para a produção de materiais didáticos para alunos e professores.

O projeto é uma parceria do organismo com o Ministério da Educação (MEC). Segundo o coordenador da Área de Educação da Unesco no Brasil, Paolo Fontani, um diagnóstico feito pelos dois órgãos revelou que um dos principais entraves para a implantação da lei era a falta de materiais de qualidade. Fontani destaca que um diferencial desses livros é que eles foram elaborados por pesquisadores e historiadores africanos.

O lançamento deve ocorrer na semana do 20 de novembro, quando é comemorado o Dia da Consciência Negra. Como a coleção é muito extensa, paralelamente a Unesco e o MEC estão desenvolvendo em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFScar) um material pedagógico que possa ser utilizado pelo professor em sala de aula, “mais ágil e de fácil consulta, focado nas necessidades da sala de aula”, explica Fontani. Em outra fase, o projeto pode incluir o treinamento de professores, adianta Fontani.

“É a primeira vez que a Unesco faz isso em outros países com essa coleção. Definitivamente estamos na ponta, o Brasil será o primeiro a fazer esse trabalho nesse tipo de escala”, aponta.

Fonte: Agência Brasil

AS GEOGRAFIAS DAS MÚSICAS: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO

AS GEOGRAFIAS DAS MÚSICAS: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO

Música para compor o ambiente
Música para escovar o dente
Música para fazer chover
Música para ninar nenê
Música para tocar novela
Música de passarela
Música para vestir veludo
Música pra surdo-mudo
(Música para ouvir - Arnaldo Antunes)

A música está presente no dia-a-dia das pessoas. Já pela manhã é comum ver nas ruas, nos ônibus e nos carros, pessoas ouvindo música. Os fones de ouvido, ou mesmo os gestos por trás dos vidros dos automóveis denunciam isso: os dedos que batucam no volante ou as bocas que se movem ao acompanhar o refrão que é tocado no rádio. Há músicas nas ruas, nos templos e igrejas, nas casas, nos bares. Quando não são tocadas “ao vivo”, são reproduzidas dos mais diversos formatos e meios, pois podem estar em MP3 ou AVI em celulares e iPods; rádios AM’s e FM’s, CD ou DVD nos aparelhos de som domésticos ou dos carros; e até mesmo em fitas K7 ou discos de vinil – cada vez mais raros nos dias atuais. As músicas também têm presença certa nos filmes e programas de TV, e nos eventos marcantes da vida das pessoas, como nos casamentos ou bailes de debutantes. Entretanto, mesmo que em uma casa nenhum aparelho de som seja ligado para que a música seja tocada, ela continuará presente no cotidiano da sociedade, seja advindo de outras residências ou de estabelecimentos comerciais.
Nas salas de aula, é crescente o número de professores de Geografia que se utilizam das músicas como recurso didático. Muitas vezes o foco é dado para a letra, na qual o professor encontra elementos para pensar e discutir paisagens, ou o contexto em que foi escrita. Contudo, a música pode oferecer mais subsídios para enriquecer as aulas de Geografia.

A música retrata a cultura e a memória do povo. Murray Shafer, precursor das pesquisas sobre soundscapes (paisagens sonoras), no livro intitulado “O ouvido pensante” define a música como uma “coleção de sons concebidos e produzidos por sucessivas operações de pessoas que ouvem bem”. Nesse sentido, quando a música é executada, integra-se à paisagem sonora tornando-se um de seus elementos.

A música de um lugar oferece ao estudo geográfico elementos para a leitura acerca dos valores atribuídos ao mesmo. Para o geógrafo George Carney, a música tanto reflete quanto influencia as imagens que as pessoas possuem de lugares e a forma como essas imagens mudaram significativamente as atitudes das pessoas para com lugares. Assim, as músicas tradicionais e/ou regionais apresentam-se ao estudo geográfico como importante material à interpretação dos lugares, que, como exemplo, podemos citar no Brasil o xote e o baião do nordeste, o maracatu rural do interior de Pernambuco, o fandango no litoral paranaense e paulista, o tambor de crioula do maranhão, a congada de Minas Gerais, entre outras.

O estudo da música deve levar em consideração o lugar onde ela é produzida e tocada, com seus valores sociais e culturais. Pensar o lugar remete a pensar na localização e nas paisagens que este comporta.

Cada cidade, cada lugar, tem sua identidade sonora, numa variação de sons entre um lugar e outro, e também entre os tempos e as culturas. A identidade sonora de um lugar pode estar representada em uma música, quando esta apresenta os elementos da paisagem do mesmo. Nesse sentido, Lily Kong, em um trabalho datado de 1995 sobre a música popular, afirmou que a música pode transmitir imagens do lugar, e também pode servir como fonte primária para compreender a natureza e a identidade dos lugares.

Dessa forma, cada lugar e cada contexto histórico e sócio-espacial oferecem as bases para se pensar a música. O estudo geográfico através da música deve compreender sua localização, a cultura, as influências da paisagem local, sonoro-musicais do passado local, e as influências sonoro-musicais externas. Segundo Lily Kong, no contexto da análise musical deve-se haver uma preocupação tanto para o lugar simbólico da música na vida social, bem como para os simbolismos empregados na música.

Diante disso, o professor, ao explorar uma música com seus alunos, poderá superar a simples análise da letra, e buscar em seus elementos sonoros subsídios para as seguintes questões: a) quais as sensações produzidas por meio da melodia e harmonia?; b) quais os instrumentos musicais e ritmos empregados, e quais suas histórias e origens? Esses questionamentos podem contribuir na busca da compreensão dos lugares – portadores de significados e valores – o que será de extrema importância na interpretação dos fenômenos que os envolvem.

Referências:

SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1991.
CARNEY, G. O. Música e lugar. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. (orgs.). Literatura, música e espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007.
KONG, L. Popular music in geographical analyses. Progress in human geography. v. 19, pp. 183-198, 1995.

Para saber mais:

Para ler sua dissertação de mestrado "A paisagem sonora da Ilha dos Valadares: percepção e memória na construção do espaço" clique aqui.

Para ler seu artigo "Da paisagem sonora à produção musical: Contribuições geográficas para o estudo da paisagem", publicado na Revista Geografar da UFPR, clique aqui.

Marcos Alberto Torres é geógrafo, mestre e doutorando em geografia pela UFPR.

sábado, 25 de setembro de 2010

Oficina Extra: história da Zona Portuária

Audioteca Sal e Luz

Audioteca Sal e Luz

A Audioteca Sal e Luz é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que produz e empresta livros falados (audiolivros) .
Mas o que seria isto?
São livros que alcançam cegos e deficientes visuais (inclusive os com dificuldade de visão pela idade avançada), de forma totalmente gratuita.
Seu acervo conta com mais de 2.700 títulos que vão desde literatura em geral, passando por textos religiosos até textos e provas corrigidas voltadas para concursos públicos em geral. São emprestados sob a forma de fita K7, CD ou MP3.
E agora, você está se perguntando: o que eu tenho a ver com isso?
É simples. Nos ajude divulgando.
Se você conhece algum cego ou deficiente visual, fale do nosso trabalho. DIVULGUE!

Para ter acesso ao nosso acervo, basta se associar na nossa sede, que fica situada à Rua Primeiro de Março, 125- Centro. RJ. Não precisa ser morador do Rio de Janeiro.
A outra opção foi uma alternativa que se criou, face à dificuldade de locomoção dos deficientes na nossa cidade. Eles podem solicitar o livro pelo telefone, escolhendo o título pelo site, e enviaremos gratuitamente pelos Correios.
A nossa maior preocupação reside no fato que, apesar do governo estar ajudando imensamente, é preciso apresentar resultados. Precisamos atingir um número significativo de associados, que realmente contemplem o trabalho, senão ele irá se extinguir e os deficientes não poderão desfrutar da magia da leitura.

Só quem tem o prazer na leitura, sabe dizer que é impossível imaginar o mundo sem os livros...

Ajudem-nos, Divulguem!

Atenciosamente,

Christiane Blume
Audioteca Sal e Luz
Rua Primeiro de Março, 125- 7º Andar. Centro - RJ. CEP 20010-000
Fone: (21) 2233-8007
Horário de atendimento: 08:00 às 16:00 horas
http://audioteca.org.br/noticias.htm



A Audioteca não precisa de dinheiro, mas de DIVULGAÇÃO !!!
Então conto com a ajuda de vocês: repassem!
Eles enviam para as pessoas de graça, sem nenhum custo.
É um belo trabalho!
Quem puder fazer com que a Audioteca chegue à mídia, por favor fique à vontade.
É tudo do que eles precisam.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sustentabilidade no mar

Sustentabilidade no mar

Pesquisador defende o planejamento da bioprospecção marinha no Brasil a fim de preservar a sustentabilidade
A halicondrina B é um composto anticâncer de origem marinha. Para se obter 350 miligramas da substância no ambiente natural é preciso coletar 1 tonelada de esponjas da espécie Lissodendoryx, na qual a halicondrina é encontrada.

Por conta disso, um trabalhado de bioprospecção mal planejado pode simplesmente provocar a extinção da espécie, o que já aconteceu localmente com esponjas em algumas regiões da costa europeia.

O exemplo foi usado pelo professor Renato Crespo Pereira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), para ilustrar a importância de se planejar a exploração sustentável da biodiversidade marinha.

Pereira proferiu a palestra "Compostos bioativos de organismos marinhos: como prospectar e preservar esse potencial" no Workshop sobre Biodiversidade Marinha: Avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado nos dias 9 e 10 de setembro na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na capital paulista.

A despeito de todas as dificuldades, o pesquisador afirma que o Brasil não pode deixar de explorar seus biomas marinhos. "O país já se encontra bem atrás de outros na exploração da biodiversidade dos oceanos. Países da Oceania, da Ásia, da Europa e da América do Norte apresentam atividade de pesquisa muito mais intensa em seus sistemas costeiros", disse.

Segundo ele, as condições adversas presentes nos oceanos, como as variações de temperatura, que vão de registros negativos até 350º C, e de pressões, que variam de uma a mil atmosferas, fazem dos mares o ambiente propício para o desenvolvimento de metabólitos secundários extremamente complexos e sem paralelo nos ambientes terrestres.

Substâncias que combatem fungos, bactérias e inflamações são alguns exemplos de produtos que vieram do mar e que justificam a intensificação das pesquisas marinhas no país, que ainda são incipientes. "Justamente por estar começando nesse trabalho de prospecção marinha é que o Brasil deve começar a pensar nos rumos que quer tomar", afirmou.

Para o professor da UFF, há uma série de questões que devem ser levadas em conta para balizar a maneira de se explorar os recursos oceânicos, especialmente o fato de a natureza conseguir suprir a demanda da ciência e, posteriormente, de mercado por aquela substância.

Pereira ilustrou com o caso da descoberta de uma alga encontrada somente em uma ilha brasileira. "Devemos nos perguntar: vale a pena fazer toda uma pesquisa a respeito dela para depois ver que não há algas suficientes para suprir a indústria?", colocou.

Antes mesmo de se iniciar uma pesquisa de compostos bioativos marinhos seria preciso verificar se a natureza tem condições de fornecer a matéria-prima em quantidade necessária. "Muitas vezes não encontramos o suficiente nem mesmo para os testes de bioatividade, o que dizer então da utilização comercial em maior escala", alertou.

Reprodução em laboratório

Pereira afirma ser necessário olhar o processo como um todo a fim de não realizar pesquisas em vão ou que acabem provocando impactos perigosos como a extinção de espécies.

"Se conhecemos o gargalo, às vezes é melhor começar a pesquisa por ele, ou seja, primeiro desenvolver métodos de reprodução daquele organismo marinho para depois testar os seus compostos", disse.

Alternativas interessantes, segundo o professor da UFF, seriam investimentos em pesquisas em genômica e proteômica que desenvolvam o cultivo de organismos marinhos. Esses trabalhos ajudariam a reproduzir em laboratório moléculas e organismos de interesse científico e comercial.

"A bioprospecção brasileira deve considerar vários objetivos: conservar a biodiversidade, promover o manejo sustentável dos organismos para a fabricação de produtos naturais e, é claro, encarar a biodiversidade como um valioso recurso econômico para o país", disse.
(Fabio Reynol)
(Agência Fapesp, 23/9)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

“Papeleiras, Go Home”

“Papeleiras, Go Home”, de Carlos Pronzato
2009
Documentário 40 min.
Legendas em português

22 de setembro
quinta-feira
a partir das 18h30

na ABI
(Associação Brasileira de Imprensa)
Rua Araújo Porto Alegre, 71 - 7° andar
Centro (próx. ao metrô Cinelândia)

Sinopse:
“Papeleiras, Go Home”
O grupo finlandês Botnia instalou uma imensa fábrica de celulose no Uruguai a 4 km da cidade de Fray Bentos, em frente à cidade argentina de Gualeguaychú, para produzir mais de 1 milhão de toneladas que serão exportadas para Europa, China para os Estados Unidos. A fábrica retira a cada dia 86 milhões de litros de água do rio Uruguai, rio que divide os dois países, e cerca de 80% desse volume devolve ao rio, porém, com altas temperaturas e acrescido de uma carga de poluentes diversos que afetará a biologia do rio e o conjunto do ecossistema.
O grupo Botnia, que conta com 1 milhão de hectares de plantações, compra por menor preço e produz eucaliptos dez vezes mais rápido que na Finlândia. A empresa não paga impostos, tampouco tarifas aduaneiras e, o mais importante, dispõe gratuitamente da água do rio Uruguai. Este empreendimento se constitui no maior investimento do setor privado industrial da Finlândia no exterior e também no maior investimento de caráter industrial da história do Uruguai. Este documentário registra os testemunhos oferecidos no ano de 2008 pelos integrantes da Assembléia Cidadã Ambiental Gualeguaychú e outros segmentos populares. Inclui também o testemunho do Movimento Acción por los Cisnes (Valdívia, Chile).
Após a exibição do filme, haverá debate.
Serão concedidos certificados aos participantes.
Os 25 primeiros que chegarem terão direito a pipoca e guaraná grátis!
cortesia: Sindipetro-RJ
apoio: ABI Associação Brasileira de Imprensa
realização: Casa da América Latina

É preciso dedicação para compreender os problemas globais

Para Edgar Morin, é preciso dedicação para compreender os problemas globais

Filósofo e sociólogo francês Edgar Morin abriu a Conferência Internacional dos Sete Saberes, realizada até esta quinta-feira na Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Aos 89 anos de idade, falando uma mistura de português com espanhol e italiano, o filósofo e sociólogo francês Edgar Morin abriu nesta terça-feira (21/9) uma conferência internacional na capital cearense. O tema do encontro foi inspirado na obra de Morin. Durante quatro dias, educadores e pesquisadores irão discutir "Os Sete Saberes Necessários Para uma Educação do Presente".

A plateia formada por professores e profissionais da área de educação ouviu atenta a palestra de Morin, que é considerado um dos maiores pensadores da atualidade. O francês falou sobre os desafios de se construir uma "educação para a civilização".

"A questão da pobreza está ligada à desigualdade, que está ligada à perda de solidariedade. Todos os problemas estão ligados. É importante compreender que temos problemas de civilização e, para resolver, devemos encontrar novos caminhos de reforma que podem conjugar-se em uma metamorfose. Quando um sistema não tem mais poder de tratar seus problemas fundamentais, ele regressa", disse.

Segundo o filósofo, essa educação civilizatória precisa ter como princípios a compreensão humana, a solidariedade e a responsabilidade. Edgar Morin defendeu que a sociedade hoje precisa de 'mundiólgos' que possam enxergar e criar soluções para os problemas globais. Para isso, segundo ele, é necessário que o conhecimento seja menos fragmentado e que o modelo de ensino seja modificado.

"É preciso religar todas as disciplinas produzidas como conhecimento, contextualizar os saberes. O ensino deve se integrar a muitas exemplificações históricas e contemporâneas para que os alunos entendam como enfrentar as ambiguidades de hoje", afirmou.

Um exemplo dessa fragmentação, segundo Morin, é a própria medicina moderna. "Ela é muito boa na criação de remédios, vacinas. Mas é especializada demais. Os médicos não são capazes de ver um organismo total, uma pessoa no seu ambiente social, ela é cortada em pedacinhos. Os antigos médicos de família tinham a possibilidade de entender a complexidade dos pacientes", comparou.

Crítico do pensamento reducionista, Morin defendeu que o mundo está demasiadamente ocidentalizado, mas que, na ciência ocidental, há "o melhor e o pior" e que é preciso unir o que há de melhor em cada cultura.

"A coisa extraordinária é que, na vida cotidiana, temos muito pouca compreensão para o estrangeiro, para outros povos que têm uma cultura outra que não é a nossa. Há incompreensão nas famílias, nas civilizações, em tudo. Há um veneno de incompreensão que faz uma degradação permanente da nossa vida", apontou.

Há dez anos Morin escreveu o livro "Os Sete Saberes à Educação do Futuro", que foi publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Os saberes fundamentais apontados por ele são: as cegueiras do conhecimento, o conhecimento pertinente, ensinar a condição humana, ensinar a identidade terrena, enfrentar as incertezas, ensinar a compreensão e a ética do gênero humano.
(Jornal do Comércio, de Porto Alegre, 21/9)

Uma nova história para a Lua.

Uma nova história para a Lua

Dados de sonda mostram que geologia é mais complexa do que pensado
A Lua foi bombardeada por pelo menos duas populações distintas de cometas e asteroides ao longo de sua juventude e sua superfície é bem mais complexa do que se pensava antes, mostram os resultados de três estudos feitos com dados da sonda da Nasa Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) e publicados na última edição da revista "Science".

Há até 3,8 bilhões de anos, a Lua foi alvo de grupos de objetos maiores, depois seguidos de levas com menores tamanhos, conta James Head, da Brown University, autor de um dos artigos. Com ajuda de um altímetro a laser instalado na LRO, Head catalogou 5.185 crateras com 20 quilômetros ou mais de diâmetro no satélite.

- Nossos dados mostram que a população mais antiga de objetos pode ser claramente distinguida da mais nova nos "oceanos" na Lua, gigantescos impactos preenchidos por fluxos de lava - diz.

- As áreas claras têm maior densidade de crateras maiores, o que implica que a população mais antiga de objetos que a atingiu tinha proporcionalmente mais fragmentos maiores do que a que caracteriza sua história mais recente.

Os impactos de objetos podem mudar radicalmente a história de um planeta. A Lua, Marte e Mercúrio trazem marcas de antigas crateras com centenas e até milhares de quilômetros de diâmetro. Se a Terra foi objeto de ataques semelhantes - e não há razões para crer que ela foi poupada -, estes enormes impactos poderiam ter alterado as condições para a origem da vida no planeta. E já se sabe que grandes impactos alteraram a evolução da vida na Terra. A cratera de Chicxulub, na província de Yucatán, no México, com mais de 170 quilômetros de diâmetro, é resultado de uma colisão há 65 milhões de anos que acredita-se ter levado à extinção dos dinossauros.

Os cientistas que tentam reconstruir a história dos impactos na Terra, no entanto, encontram dificuldades, pois a maior parte das marcas foi apagada pela erosão do vento e da água, ou destruídas pelo movimento das placas tectônicas. Por outro lado, a Lua, sem uma atmosfera significativa, água líquida ou atividade geológica, preserva uma rica história destes impactos.

- Assim, a Lua seria análoga à Pedra de Roseta para entender a história do bombardeio sobre a Terra - comenta Head. - Como Roseta, os dados lunares podem ser usados para traduzir os hieroglifos dos impactos pouco preservados na Terra.

Nos outros artigos publicados na "Science", os cientistas argumentam que os processos geológicos que formaram a superfície lunar também são mais complexos do que se acreditava. Dados enviados por outro instrumento da LRO revelaram diferenças na composição do solo antes desconhecidas, além de confirmarem a presença de incomum material rico em silicatos em pelo menos cinco regiões distintas. Ele detectou ainda regiões mais ricas em sódio, indicando variações na química e no resfriamento do magma que formou a crosta lunar.
(Cesar Baima)
(O Globo, 22/9)

Ensino de graduação, o lado oculto da Lua.

Ensino de graduação, o lado oculto da Lua, artigo de Wanderley Messias da Costa

"O maior dos flagelos da educação, a evasão escolar, continua a fazer incontáveis vítimas"


O Brasil tem atualmente cerca de 5 milhões de estudantes matriculados no ensino de graduação (presencial), o que equivale a 24% dos jovens de 18 a 24 anos do país. A meta do governo federal é de 30% para 2012, mas recente relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que no ritmo atual só seria alcançada em 2020. Desse contingente, 75% estão em instituições privadas e 25% nas públicas.

O país tem despendido grande esforço na expansão do sistema como um todo, o que é atestado pelo aumento das vagas à taxa média anual de 6% entre 2002 e 2008. Há outros aspectos positivos, como os incentivos no vestibular aos estudantes egressos da escola pública, a tendência à diversificação (as matrículas em educação tecnológica e em educação a distância têm evoluído em ritmo acelerado) e o movimento de interiorização do ensino superior.

Mas há acidentes de percurso que são riscos inerentes a todo processo de crescimento acelerado e pouco planejado. O mais sério é o fato de quase 50% dos 3 milhões de vagas oferecidas em 2008 não terem sido preenchidas.

O gritante desequilíbrio entre oferta e demanda decorre, sobretudo, da baixa produtividade do ensino médio, das dificuldades com os custos das mensalidades e da concentração dessa oferta em cursos de baixa qualidade ou desinteressantes. Também, quem sabe, de fatores menos tangíveis, como o desencanto dos jovens com o ensino superior em geral.

Além da qualidade, o desempenho global do ensino de graduação no Brasil deve ser também avaliado por indicadores quantitativos. Nesse particular, os dados disponíveis do Censo da Educação Superior 2008, do MEC, indicam que o maior dos flagelos da educação, a evasão escolar, continua a fazer incontáveis vítimas também nesse nível do ensino no país.

A taxa média de evasão no ensino de graduação, calculada para cursos com duração de quatro anos, é de 43% - sendo 45% nas instituições privadas, 39% nas municipais, 36% nas estaduais e 33% nas federais - e abrange o contingente de alunos que abandonaram seus cursos, foram desligados ou não os concluíram no prazo previsto.

Esse é um panorama geral e é certo que existe uma enorme diversidade de situações que dependem do desempenho específico de cada instituição e do seu respectivo universo de cursos. Mas, como em todo processo desse gênero, há determinados padrões que podem ser observados.

Os levantamentos indicam, por exemplo, que, salvo as exceções de praxe, a esmagadora maioria dos alunos não conclui seus cursos nos prazos estipulados pelas normas e é alta a porcentagem dos que permanecem formalmente matriculados por oito anos ou mais em cursos de quatro anos.

Afinal, pouquíssimas universidades dispõem do mecanismo conhecido por jubilamento, isto é, o desligamento de alunos com baixíssimo desempenho acadêmico, e são raros os casos da sua efetiva aplicação. Vagas resultantes da evasão são, em geral, oferecidas aos interessados em se transferir de uma instituição privada para uma pública, por exemplo, mas esse é mais um paliativo para uma grave doença crônica.

A título de simulação, tome-se um hipotético curso com duração de quatro anos, uma quantidade constante de vagas e que ele seja monitorado ao longo de dez anos. Caso a diferença entre o número de concluintes e o de ingressantes (vestibular mais transferências) varie em cada ano em torno de 40%, essa será sua taxa média de evasão e o dado crítico para a sua avaliação.

Um fator que dificulta ampliar o conhecimento a respeito do problema é que somente um reduzido grupo de universidades (todas elas públicas) realiza levantamentos detalhados e periódicos sobre o desempenho dos seus cursos de graduação e os põem à disposição nos seus portais da internet. Além disso, são raros e pontuais os estudos relativos a esse tema.

Por isso, são bem-vindas as iniciativas do TCU e da Controladoria-Geral da União (CGU), que desde 2007 fazem auditorias de gestão nas universidades federais, nas quais aplicam um índice de eficiência que avalia o desempenho dessas instituições, especificamente em seus cursos de graduação.

Está demonstrado, por exemplo, que existem elevados níveis de evasão em universidades e cursos tanto do topo quanto da base da pirâmide dos rankings internacionais. Há casos extremos, como os de institutos com padrão internacional de excelência em pesquisa e pós-graduação, mas que formam a cada ano apenas um terço dos seus alunos ingressantes na graduação.

Além disso, já se sabe que a maior parte da evasão por abandono ocorre nos dois primeiros semestres dos cursos; que nas grandes universidades esses índices são maiores nas áreas de Exatas (mais altos nas Engenharias e na Física), seguidas pelas Humanidades (mais altos nas licenciaturas) e pelas Biológicas (mais baixos na Medicina); e que, em sua maioria, os alunos dão como causas mais relevantes a carência de recursos financeiros, a decepção com a qualidade dos cursos e o seu despreparo em face do alto nível de exigência em determinadas disciplinas.

Em suma, o ensino de graduação no Brasil está em crise.

Sabemos que é dever dos governos, do Legislativo e do Judiciário fiscalizar, avaliar e traçar estratégias e programas para a educação nacional. No caso em tela, entretanto, a maior parcela de responsabilidade cabe às universidades e, sobretudo, às públicas. Afinal, se elas são autônomas para definir suas prioridades e gerir seus cursos, por outro lado, mantidas que são com recursos públicos, devem submeter-se a avaliações externas e têm obrigação de apresentar padrões de excelência também nessa área.

Wanderley Messias da Costa é professor titular do departamento de geografia da USP, autor de cinco livros, é um dos idealizadores do Centro de Biotecnologia da Amazônia. Artigo publicado em "O Estado de SP":
(O Estado de SP, 22/9)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O lento avanço da educação, editorial de "O Estado de SP"

O lento avanço da educação, editorial de "O Estado de SP"

"Sem a formação necessária, esses jovens não se qualificam profissionalmente, sendo condenados ao subemprego. Com isso, o Brasil não forma o capital humano de que necessita para crescer"

Leia o editorial:

Embora a educação tenha melhorado nos últimos dez anos, o ritmo do avanço é tão lento que o Brasil continua perdendo a corrida educacional até para países mais atrasados da América do Sul.

Essa é uma das conclusões que se podem extrair da Síntese de Indicadores Sociais de 2010, que o IBGE divulgou no final da semana passada.

A proporção da força de trabalho de 18 a 24 anos que concluiu o ensino médio ou ingressou no ensino superior, por exemplo, quase dobrou nos últimos dez anos. Esse é um dado positivo. Mas, em 2009, 32,8% dos brasileiros nessa faixa etária haviam abandonado os estudos antes de completar a terceira série do ensino médio. A taxa de evasão do ensino médio foi de 10% - ante 7% na Argentina, 6,8% no Uruguai, 2,9% no Chile e 2,3% no Paraguai.

Segundo o IBGE, praticamente todas as crianças de 6 a 14 anos frequentavam a escola em 2009. Esse também é um dado auspicioso. A universalização da oferta de matrículas no ensino fundamental foi obtida na década de 1990. Mas, devido ao ingresso tardio na escola e às reprovações, parte significativa dos estudantes não está no nível adequado à idade.

Por causa da má qualidade do ensino, o desempenho dos estudantes desse nível de ensino continua insatisfatório principalmente em matemática, ciências naturais e português. Muitos alunos não conseguem compreender um texto simples ou resolver problemas elementares. Segundo os especialistas, a diferença de conhecimento entre os alunos da 8ª série do ensino fundamental e os da 3.ª série do ensino médio é muito pequena.

Esse é um dos fatores que têm estimulado muitos jovens a abandonar os estudos após completar 15 anos. Por isso, a escolaridade média da população brasileira com idade até 25 anos é de apenas 5,8 anos - contra 12 anos na Coreia do Sul, 13,3 anos em Taiwan e 13,4 nos EUA.

Sem a formação necessária, esses jovens não se qualificam profissionalmente, sendo condenados ao subemprego. Com isso, o Brasil não forma o capital humano de que necessita para crescer. "O crescimento econômico exige maiores índices de educação e de qualificação dos jovens", diz a coordenadora da pesquisa do IBGE, Ana Lúcia Saboia.

A situação é mais grave nas áreas menos desenvolvidas. Em 2009, no Nordeste, 39,2% de jovens de 15 a 17 anos estavam matriculados no ensino médio e, no Norte, 39,1%. No Sudeste, a região mais rica, a taxa é de 60,5% - e há dez anos já era superior a 42,1%.

No ensino superior, a Síntese de Indicadores Sociais de 2010 mostra o êxito dos programas governamentais de fomento e apoio, como o ProUni. Entre 1999 e 2009, dobrou o acesso à universidade das pessoas com mais de 25 anos que se declaram negras. Eram 2,3%, há dez anos, e 4,7%, no ano passado.

O levantamento também mostra que os programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, ganharam forte importância no orçamento das famílias mais pobres. Nas famílias com renda per capita de até um quarto do salário mínimo, o peso das "outras fontes", como são cadastrados esses programas, aumentou de 4,4%, em 1999, para 28%, em 2009.

Além disso, segundo o levantamento, cerca de 5 milhões de crianças entre um dia de vida e 14 anos - o equivalente a 10,9% do total nessa faixa etária - vivem em situação de risco, ou seja, em residências sem água tratada, sem rede de esgoto geral e sem coleta de lixo. O estudo mostra ainda que 39,4% dos alunos da rede de educação básica estudam em escolas sem esgoto e 10%, em colégios sem água potável. A situação mais crítica está no Nordeste, onde 19,2% das crianças não têm acesso a serviços básicos.

Embora decepcionantes, os números do IBGE não causam surpresa. Eles apenas reafirmam que o Brasil continua precisando de uma reforma radical no sistema de ensino, seja para reter os estudantes nas escolas, seja para melhorar a qualidade da educação. Apesar dos lentos avanços obtidos na última década, a formação dos estudantes brasileiros continua aquém de qualquer resultado aceitável.
(O Estado de SP, 21/9)

USP revê currículos e pode fechar cursos

USP revê currículos e pode fechar cursos

Universidade reavalia grades curriculares de todos os cursos e discute continuidade daqueles com baixa procura. Projeto pedagógico deve ser multidisciplinar, e carga horária, mais flexível; não há prazo para fim da revisão
Principal universidade do país, a USP decidiu revisar todos os seus cursos de graduação. Com isso, poderá haver mudanças nos currículos (para dar mais liberdade aos estudantes) e fechamento de carreiras de baixa demanda no vestibular.

A medida foi aprovada na semana passada pelo Conselho Universitário, órgão máximo da instituição, que reúne reitoria, diretores de unidades e representantes de todos os segmentos da escola.

A discussão começou ao se debater a viabilidade do aumento de vagas na graduação. "É importante que mesmo os cursos tradicionais verifiquem se é o caso de mudar, melhorar e até mesmo descontinuar certos cursos ou substituí-los", disse nesta segunda-feira à Folha o reitor João Grandino Rodas, em cerimônia em Ribeirão Preto (SP).

"Não é possível que alguns cursos continuem hoje como eram na época de dom Pedro 1º", afirmou o reitor Rodas, sem citar nenhuma carreira.
Como a USP não participa de avaliações federais, não é possível comparar seus cursos com os das demais instituições brasileiras.

No ranking da Times Higher Education, publicado na semana passada pela Folha, a instituição ficou fora da lista das 200 melhores universidades do mundo.

O documento prevê que as unidades devam avaliar mudanças nos projetos pedagógicos, para que sejam mais "modernos e multidisciplinares". Também deve haver "revisão de carga horária, a fim de permitir maior flexibilidade nas atividades dos alunos de graduação".

As diretrizes determinam que sejam analisados cursos com baixa relação candidato/vaga no exame Fuvest ou com "baixo impacto social", "respeitando a especificidade de cada curso".

No último vestibular, os cursos menos procurados foram música (1,37 candidato/vaga) e ciência da informação (1,8), ambos em Ribeirão Preto. Na capital, foi licenciatura em geociências (2,3).

A norma não prevê prazo para o fim da revisão. O reitor disse ainda que só irá destinar verbas para infraestrutura às unidades que tenham um bom projeto e "sintonia com a universidade".
(Fábio Takahashi e Araripe Castilho)

Reitor quer cautela na expansão de vagas

A USP determinou que a expansão de vagas na graduação "não pode continuar no ritmo que vem acontecendo", pois pode prejudicar o funcionamento da escola e provocar um "colapso".

Para que haja crescimento, deve haver caráter inovador do curso e infraestrutura definida, entre outros. Em oito anos, o número de vagas na Fuvest aumentou 50%.

Segundo o reitor João Grandino Rodas, é preciso cautela na expansão. "No passado, e, mal comparando, foi o que aconteceu com o ensino público secundário do Estado. Há algumas décadas, era primoroso, mas no momento em que se abriu para todos, o que parecia positivo se transformou em algo extremamente negativo."

O reitor afirmou ainda que "sem uma revisão dos cursos que já existem e uma melhoria da infraestrutura disponível, a busca da excelência [no ensino] da USP não será possível". A instituição oferece hoje 10.652 vagas nos vestibulares dos sete campi.

Segundo o diretor do Instituto de Matemática e Estatística, Flávio Coelho, a norma "certamente é restritiva, mas não proibitiva" em relação a expansão de vagas.

A ideia de restringir uma forte ampliação de vaga já havia sido apresentada no ano passado pelo reitor, logo após a vitória na eleição.

"Nossa graduação dobrou nos últimos oito anos. A prioridade número um é fazer uma adequação dos prédios e dos meios humanos para que a graduação funcione bem. Seria inaceitável aumentar o número de vagas quando o necessário é melhorar nossas condições atuais", disse à Folha.

Posição parecida foi declarada pelo ex-reitor Adolpho José Melfi, quando deixou o cargo, em 2005. "Uma universidade de pesquisa não pode ser muito maior do que a USP já é", disse à época.
(Araripe Castilho)

Proposta é positiva, mas sofrerá resistência, afirma pesquisadora

Membro do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP, a socióloga Elizabeth Balbachevsky afirma que a proposta aprovada é positiva, mas sofrerá muitas resistências internas.

- Como avalia essas mudanças da USP?

A USP tem uma série de cursos criados por arranjos clientelistas que hoje têm um, dois, três candidatos por vaga. Quando é necessário abrir curso em área estratégica, aqueles sem demanda continuam existindo, inchando a máquina. Os recursos daqueles poderiam ser canalizados para esses cursos, sem precisar de mais dinheiro público.

- É preciso mudar currículos?

Totalmente. O programa hoje é o mesmo de quando fiz graduação [1981]. O aluno, com apenas 17 anos, é forçado a escolher a carreira. O currículo poderia prever mais experimentação nos primeiros anos, para que se conheçam outras áreas. Depois, nos últimos anos, alguns cursos como ciências sociais poderiam oferecer personalização maior. Tem gente que quer formação acadêmica, outros, aperfeiçoamento profissional. Hoje, ninguém é atendido bem.

- Haverá resistência?

A proposta é necessária, mas haverá resistência. Uns não vão querer mudar simplesmente para não ter trabalho com isso. Outros vão se sentir ameaçados.
(Fábio Takahashi)
(Folha de SP, 21/9)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cine Clube

A sala 219, agora denominada,laboratório de Educação, Cinema e Audiovisual está aberta para pesquisas e também com uma nova proposta, um Cineclube "Educação em Tela", em parceria com o CFCH.

Coordenadores: Adriana Fresquet, Selma Rebello e Paulo Henrique Vaz

O Cineclube : local Auditório Manoel Maurício, no CFCH Horário: 18 horas

Atenção: Será conferido certificadode participação para quem comparecer a 70% das exibições

Para participar veja a programação abaixo de setembro a dezembro de 2010.

Boas " Leituras"



Setembro: dia 24/ sexta-feira

Curta: Na Lagoa Rodrigo de Freitas - Realização Alunos do CAp/UFRJ Zero em Comportamento - Jean Vigo / Francês / 1933



Outubro: dia 29 / sexta-feira

Curta: Rota de Colisão - Roverval Duarte / Brasil O Enigma de Kaspar Hausee - Werner Herzog / Alemanha / 1974



Novembro: dia 26 / sexta-feira

Curta: A Invenção de Infância - Lilian sulzbach / Brasil /2000 Elefante - Gus Van Sant / EUA / 2003



Dezembro : dia 03 / sexta-feira

Curta: A Mão - Jiri Trnka / 1965 Nenhum a Menos - Zhang Yimou / China 1999

Interseção entre ciência e arte é tema de evento na Fiocruz

Interseção entre ciência e arte é tema de evento na Fiocruz

O evento "Ciência e Arte 2010" reunirá, de 20 a 23 de setembro, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, pesquisadores, educadores, divulgadores da ciência, estudantes e interessados para debater as interseções entre ciência e arte
O Ciência e Arte 2010 contará, num só evento, com três atividades: o 6º Simpósio de Ciência, Arte e Cidadania, o 4º Fazendo Arte na Ciência e o Festival de Ciência e Arte - este último ocorrerá pela primeira vez, no Museu da Vida. A programação inclui apresentações, rodas de conversa (mesas-redondas em que o público participa mais ativamente, com os palestrantes atuando mais como mediadores do debate) e exposições.

Ao todo, serão três exposições. Uma delas apresentará pela primeira vez as peças da Pinacoteca da Fiocruz, sob a guarda do Museu da Vida. As peças serão expostas no castelo principal da Fiocruz, na sala 307. Outra exposição, na galeria do Museu da Vida, é intitulada "Mundo invisível: uma história da microscopia". A terceira, no foyer do museu, tem o título de "Micrographia: Admirável mundo novo".

Além das exposições, haverá quatro espetáculos: "O Sentido da Vida - Roda gigante", na segunda-feira, dia 20; "Titiriteira - Histórias em fantoches" e "A terra não é o centro do Universo", na terça-feira, dia 21; e "Pergunte a Wallace", na quarta-feira, dia 22.

Debates

As rodas de conversa versarão sobre temas como "Ciência, arte e educação popular em saúde", "Ciência, arte e inclusão social", "Ciência, arte e cultura e desenvolvimento" e "Diálogos entre ciência e arte (artistas e cientistas fazedores)". Essa última, no encerramento dos trabalhos na quarta-feira, dia 22, tem previstas as participações do cantor Ney Matogrosso, do teatrólogo Amir Haddad e do ator Antonio Pedro.

No primeiro dia do Ciência e Arte 2010, haverá também uma palestra de João Cândido Portinari, sobre o projeto de restauração e exposição itinerante de "Guerra e Paz", obra de seu pai, Cândido Portinari, que fica exposta na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

A diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, uma das organizadoras do evento, explicou ainda que o Ciência e Arte 2010 é uma oportunidade de encontros e diálogos sobre o tema da integração entre ciência e arte. Um dos objetivos do 6º Simpósio de Ciência, Arte e Cidadania é começar a articulação de uma rede para mapear pesquisadores e núcleos na área, facilitando o diálogo entre eles.

Segundo ela, a temática é importante para a divulgação científica e para o ensino de ciências. "A divulgação científica exige uma linguagem acessível e a arte é uma linguagem universal. Incorporada como meio de diálogo, a arte potencializa a comunicação e a divulgação", disse Tania.

De acordo com a diretora do IOC, a articulação entre ciência e arte está associada às atividades e estudos sobre divulgação científica no instituto desde o ano 2000, quando começaram os cursos sobre o tema. Inicialmente, era oferecida apenas uma disciplina. Hoje, há um curso de especialização de 360 horas sobre o tema e o Programa de Pós-graduação de Ensino em Biociências e Saúde possui uma linha de pesquisa em "Ciência e Arte". Nos cursos, já foram formados 500 alunos.
(Vinicius Neder, do Jornal da Ciência)

"Ciência Hoje On-line": Longa vida às queimadas, coluna de Jean Remy Guimarães

"Ciência Hoje On-line": Longa vida às queimadas, coluna de Jean Remy Guimarães

Os focos de incêndio que se multiplicam com a seca não estão sós
A prática de atear fogo em matas, canaviais e futuras áreas agricultáveis segue firme e forte, diz Jean Remy Guimarães, que enumera os prejuízos causados à atmosfera, ao solo e à saúde humana.

Estamos vivendo um período de seca intensa em várias regiões do país, com níveis de umidade em São Paulo frequentemente inferiores aos do Saara. Isso estimula queimadas e sua propagação. Este ano, houve quase o dobro de focos que em 2009.

Um dos inúmeros efeitos dessa falta de chuvas é a redução do volume dos reservatórios que compõem nossa matriz energética, majoritariamente hidroelétrica e, portanto, dependente dos caprichos de São Pedro, El Niño, La Niña e outros.

Leia a coluna completa na CH On-line, que tem conteúdo exclusivo atualizado diariamente:
http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/09/diversidade-que-se-respira

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Construção do Espaço Escolar a Partir do Olhar

Este artigo foi escrito de forma conjunta e tem como base as experiências obtidas na disciplina Estágio Supervisionado em Geografia II, realizado no Colégio Estadual Conselheiro Macedo Soares.

Neste artigo vamos analisar a experiência em sala de aula, atentando para as práticas docentes e discentes do cotidiano escolar. Visando compreender universos que se complementam, mas também se distanciam. Os professores possuem uma visão cristalizada do que é o aluno e a instituição escolar, o que remete à suas próprias experiências. Visto que hoje as transformações da sociedade estão cada vez mais aceleradas e isso se reflete no cotidiano escolar e entra em choque com uma instituição engessada, que alimenta em sua raiz um tipo de aluno, de comportamento, de valores, que se contrapõe cada vez mais com uma sociedade midiatizada. Nessa sociedade a libertação dos corpos é o padrão a ser reproduzido. A formação de olhares tão distintos surge então, como o grande desafio a ser superado para a construção de um novo espaço escolar.

Nas conversas com os professores, era costumeiro ouvir as insatisfações com o comportamento dos alunos, com a escola e com a profissão. Os professores nos questionavam com freqüência o que nos levava a querer seguir a carreira de professor, ficando claro que não acreditavam mais na função social da escola. A visão pessimista acerca da escola e a desmotivação eram sustentadas por um discurso pautado na falta de comportamento dos alunos, ou seja, os alunos serviam de justificativa para as péssimas aulas dadas pelo professorado. Ao mesmo tempo em que aluno e professor estabelecem uma relação de óbvia complementaridade, também se afastam por não conseguirem se compreender e dialogar. E aí chegamos à construção de olhares e percepções completamente diferentes.

É preciso entender a importância da construção do olhar como uma ferramenta de contemplação da diversidade. Esse processo de construção do olhar parte do acúmulo de experiências e vivências. Esse acúmulo consegue moldar a nossa percepção e também a própria forma como observamos as coisas. Mas essa contemplação que nos referimos anteriormente só pode acontecer a partir do reconhecimento de olhares diferentes do seu e do desprendimento das suas próprias concepções. É saber enxergar com outro olhar, um olhar diferente do seu e admitir que eles possam coexistir. Há conflitos entre os sujeitos sobre o que é o aluno, o que é o professor e qual é a função da escola. Esse conflito entre olhares é uma causa da distância entre alunos e professores.

Por onde acompanhamos em sala de aula, vimos uma relação de completa conveniência. Ambos os sujeitos se limitaram numa relação que pensam ser imutável. A categoria indisciplina ganhava tanta força, que regia as relações. Mas se ficarmos presos na visão da rebeldia ser apenas rebeldia, não conseguiremos reconstruir as relações e conseqüentemente o espaço escolar. O professor mantinha sua concepção arraigada de que os alunos deveriam ser receptáculos do conhecimento e não sendo assim tudo estava perdido. Mas se na medida em que a liberdade do corpo pode nos dificultar a vida, pode também facilitar, pois se conhece muito dos alunos apenas os observando. Alguns momentos de “indisciplina” que pudemos presenciar, na verdade traziam muito do cotidiano, lembrando que a própria concepção de indisciplina do professor, foi concebida em outro tempo e está pautada em outros valores. Um caso que nos recordamos foi uma briga entre dois alunos da sala, um ofendeu a mãe do outro. Mas ofensas assim acontecem o tempo todo em sala de aula, só que a reação do aluno nos surpreendeu, pois foi uma reação de completo descontrole. Não sabemos o que aconteceu com a mãe do aluno, ou mesmo qual a sua relação com ela, mas como podemos banalizar algo assim e considerarmos apenas mais um desentendimento entre alunos? Será que realmente existe essa categoria de desentendimentos banais dos alunos, ou todos eles querem no fundo nos gritar algo, só que não conseguimos apreender?

O grande problema por parte dos professores talvez seja a falta de entendimento das relações entre a sociedade e a escola. E isso se reflete no cotidiano escolar. A idéia que se tem da escola como aquela instituição que tem que disciplinar, que tem que ensinar normas de comportamento, que tem o maior peso na formação do indivíduo, ruiu. Nós mesmos divergimos quanto à causa dessa ruína, mas a causa aqui para a gente não importa, o que se tem que perceber é que a escola não é um objeto que se desprendeu no tempo e congelou na época de estudante dos muitos professores que compõe a escola. Ela se transformou junto com a sociedade e mesmo com transformações evidentes continua-se tentando um modelo que não consegue mais apreender a complexidade do que é o cotidiano escolar.

Um caso que vale a pena mencionar, é que enquanto escrevíamos esse relato, um estudante de ensino fundamental que faz taekwondo na Uerj, ouviu Fábio dizer que o estudante não conseguia se identificar com nada na escola. O jovem por volta dos quinze anos interpelou e disse: “Eu me identifico com o meu professor de português, um professor pode mudar um aluno”. E não poderíamos deixar de concordar. Acreditamos plenamente na capacidade individual do professor de realizar essas transformações. Mas isso também mostra que a escola como unidade que funciona de forma coletiva para seus objetivos está acabada. O espaço escolar se divide entre os professores que conseguem estabelecer o diálogo e os que não conseguem, sem haver um padrão que possa ser encontrado entre o dar certo e o não dar certo, o que só mostra a complexidade desse ambiente. A capacidade da escola está restrita no sucesso individual de uns e outros. E enquanto for assim a escola continuará falida.

Marcio Ornelas e Fábio Henrique Lima Costa são graduandos em geografia pela UERJ-FFP.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Trajetórias Convite

I Simpósio Política, Território e Cultura:

I Simpósio Política, Território e Cultura:


Geografia e Patrimônio

Política e Cultura são dois temas recorrentes e ganham cada vez mais destaque na pauta de discussões de nossa sociedade. Da mesma maneira, abordagens que procuram relacionar fenômenos políticos e fenômenos culturais também vêm crescendo dentro de alguns setores das ciências sociais.
Na geografia, notamos também esse caminho, seja pelo impressionante incremento na produção de trabalhos que remetem à geografia cultural a partir dos anos 1990, seja também por um interesse renovado na geografia política. Entretanto, especificamente, preocupações com a produção sistemática de conhecimento sobre a relação entre política e cultura a partir de uma abordagem geográfica ainda são raras. Há um vasto campo com temáticas importantes já em desenvolvimento por outros pesquisadores, mas que permanece em grande parte não explorado a partir do aparato teórico-metodológico da geografia.
Nesse contexto, nota-se um crescente interesse nas ações do Estado na área da cultura ao mesmo tempo em que abordagens a partir de categorias espaciais ganham maior relevância e conceitos espaciais como território, lugar e paisagem transformam-se em categorias fundamentais de políticas públicas, notadamente aquelas relacionadas às ações voltadas para o patrimônio cultural.
Reunir e promover o debate e a reflexão entre geógrafos e não geógrafos, entre pesquisadores e policy makers da área cultural tem o papel de jogar uma luz sobre essa questão e promover o debate na geografia e demais campos preocupados com a espacialização da relação entre política e cultura.

Objetivos:
·Reunir pesquisadores e policy makers atuantes na área de política e cultura, além de estudantes e público em geral, para discussão de temas relacionados à política, território e cultura.
·Discutir a produção teórica, projetos e ações que estão sendo executados em áreas como políticas culturais e patrimônio e identificar sua relação com o território.
·Contribuir para a formação de uma rede de pesquisadores, laboratórios e programas de pós-graduação interessados em política, território e cultura e em patrimônio cultural.

Organização
Geoppol – Grupo de Estudos e Pesquisas em Política e Território
Programa de Pós-Graduação em Geografia – UFRJ

Coordenação:
Rafael Winter Ribeiro

PROGRAMAÇÃO

13 de setembro
09:00Abertura: Política e Cultura / Cultura e Política na Geografia
Diferentes possibilidades de inter-relação entre cultura, política e espaço na Geografia. Abordagens a partir da Geografia Cultural e da Geografia Política
Roberto Lobato Corrêa – PPGG/UFRJA política através da Geografia Cultural
Iná Elias de Castro
PPGG/UFRJA cultura através da Geografia Política
Rafael Winter Ribeiro – PPGG/UFRJ – Moderador

14:00 Espaço, Política e Cultura numa visão multidisciplinar
Abordagens espaciais de política e cultura a partir de diferentes disciplinas acadêmicas: História, Antropologia e Geografia
Márcia Chuva
História/UNIRIOSingularidades da perspectiva histórica nos processos de patrimonialização de bens culturais e sua gestão
Renata Gonçalves de Sá Antropologia/UFFOs estudos urbanos e a noção de patrimônio na Antropologia
Caio Augusto Maciel Geografia/UFPEA geografia política da paisagem: imagens, narrativas e sensibilidades culturais em disputa no espaço público
Daniel Abreu de Azevedo– UFRJ – Moderador


14 de setembro
09:00 Turismo, território e Cultura
Discussões sobre a forma como turismo e cultura tem sido abordados na construção de políticas públicas de patrimônio. Ações, reflexões e conseqüências
Tereza Paes
UNICAMP Turismo e patrimonialização nas estratégias do planejamento: as categorias espaciais e os riscos de redução narrativa
Marcelo Sotratti
UNICAMPAs ideologias espaciais na promoção turística brasileira e o patrimônio cultural: o caso da Embratur
Leila Bianchi Aguiar
UNIRIOCidade morta, cidade monumento, cidade turística: a construção de memórias sobre Ouro Preto
Leticia Parente Ribeiro – UFRJ – Moderadora

14:00 Estado, paisagem, território e patrimônio
Análise da construção de políticas públicas de patrimônio cultural e abordagens espaciais possíveis
Fernando Fernandes de Mello
Prefeitura do Rio de Janeiro As APAC's - Áreas de Proteção do Ambiente Construído: A ação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro na proteção da paisagem carioca
Lia MottaPEP/COPEDOC/IPHANPolíticas de preservação e fragmentos urbanos: o exemplo da Praça 15 de Novembro no Rio de Janeiro
Rafael Winter RibeiroPPGG/UFRJPolíticas de preservação da paisagem: diferentes interpretações de um conceito e possíveis conseqüências espaciais – Brasil e Unesco
Sávio Raeder – UFRJ – Moderador

Nota: serão conferidos certificados de participação para aqueles com freqüência superior a 75%.
Local: Auditório do Programa de Pós-Graduação em Geografia – sala I-17, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Ilha do Fundão, Rio de Janeiro.

UFSC sedia simpósio internacional de História Ambiental e Migrações

28. UFSC sedia simpósio internacional de História Ambiental e Migrações

Evento, que acontece na próxima semana, busca ampliar a rede de pesquisadores cujos temas e objetos de estudos têm inovado os campos de investigação em História Ambiental e áreas afins
Os programas de pós-graduação em História e Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da equipe do Laboratório de Imigração, Migração e História Ambiental, realizam de 13 a 15 de setembro o Simpósio Internacional de História Ambiental e Migrações.

A conferência de abertura, na segunda-feira, às 10h, terá como tema "Mudanças climáticas: o descobrimento e os impactos do El Niño e La Nina", e será proferida pelo professor Gregory T. Cushman, da Universidade de Kansas, EUA.

De acordo com os organizadores, o evento deve ampliar uma rede de pesquisadores cujos temas e objetos de estudos têm inovado os campos de investigação em História Ambiental e áreas afins.

"A interface com a temática das migrações vem demonstrar o quanto sociedade e ambiente dependem das migrações humanas, de animais e de plantas", destaca Eunice Sueli Nodari, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História.

O evento terá participação de brasileiros de todas as regiões e de diferentes instituições acadêmicas, de todos os níveis (graduação, pós graduação e pesquisadores de excelência), assim como alguns participantes de outros países. A programação prevê conferências, mesas-redondas, apresentações de trabalhos e de pôsteres. O evento conta com o apoio da Capes e do CNPq.

A programação completa está disponível no site www.labimha.ufsc.br/simposio
(Assessoria de Imprensa da UFSC)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Debate e lançamento do livro O Brasil e o capital-imperialismo: teoria e história, de Virgínia Fontes

Debate e lançamento do livro O Brasil e o capital-imperialismo: teoria e história, de Virgínia Fontes

Expositores: Virgínia Fontes (conferencista), Mauro Iasi (comentador) e Carlos Nelson Coutinho (mediador da mesa)

Data e horário: 22 de setembro, quarta-feira, às 18h30
Local: auditório da Escola de Serviço Social (Campus da Praia Vermelha/UFRJ)
Organização: Editora da UFRJ, Escola de Serviço Social/UFRJ, Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas (NEPEM) e Laboratório de Estudos Marxistas José Ricardo Tauile (LEMA).

Evento gratuito e aberto ao público. Não é preciso inscrição prévia.
Após o debate, haverá uma sessão de autógrafos com a autora.

Potássio: empresa vê potencial em prospecção na bacia do Amazonas

Potássio: empresa vê potencial em prospecção na bacia do Amazonas

Companhia começou os trabalhos de exploração na região em 2007
A Potássio do Brasil, empresa criada na segunda metade desta década e controlada por fundos de investimentos e acionistas "pessoas físicas" de Brasil, Canadá, Austrália e Europa, anunciou ontem que obteve dados geofísicos animadores para a mineralização de potássio nas pesquisas já realizadas na área que explora na bacia do Amazonas, próxima a duas outras jazidas da Petrobras.

A companhia começou os trabalhos de exploração na região em 2007, e no ano passado conseguiu captar US$ 25 milhões para desenvolver as pesquisas cujos resultados estão começando a sair. Segundo Helio Diniz, diretor-executivo de operações da Potássio do Brasil, pelo menos mais dez perfurações serão realizadas até o fim deste ano em busca de informações mais precisas que justifiquem a exploração comercial da reserva.

Em caso de resultados satisfatórios, informou, serão necessários mais US$ 100 milhões para o prosseguimento das sondagens e para serviços de engenharia e para o desenho da mina em si. A partir daí ficarão mais claras as viabilidades técnica, ambiental e econômica do projeto.

"Já estamos negociando a captação desses recursos", disse Diniz. Segundo ele, os investidores atuais estão sendo procurados para eventuais aportes adicionais. Mas há outras opções em vista, e entre as quais uma possível busca por um novo parceiro de peso.

O que Diniz espera encontrar nos trabalhos de prospecção que estão sendo realizados na área da empresa na bacia do Amazonas é uma reserva capaz de resultar em uma produção de cerca de 2 milhões de toneladas de cloreto de potássio por ano. Para que uma produção deste patamar saia efetivamente do papel, o executivo calcula que serão necessários investimentos de US$ 2,5 bilhões.

Do tripé fundamental para a produção de adubos (fosfato, nitrogênio e potássio), o potássio é o mais carente no Brasil, que costuma importar cerca de 90% de suas necessidades. Com essa conhecida carência na manga, a Potássio do Brasil já estabeleceu acordos comerciais com grandes grupos de cooperativas de agricultores garantindo preços mais vantajosos para parte da produção da futura operação, se ela se confirmar.

O anúncio também acontece em um momento de ebulição no mercado internacional de fertilizantes, uma vez que a canadense Potash Corp., maior grupo do segmento do mundo, vem sendo disputada pela australiana BHP Billiton e pela chinesa Sinochem, que busca formar um consórcio para fazer frente à "rival".
(Fernando Lopes)
(Valor Econômico, 9/9)

Sob as lentes da Pnad, nossas conquistas, percalços e desafios, artigo de Marcelo Neri

Sob as lentes da Pnad, nossas conquistas, percalços e desafios, artigo de Marcelo Neri

"Um marco foi 1995, quando o IBGE abriu os microdados de suas pesquisas conferindo liberdade a cada um de olhar, desde uma perspectiva própria"
Marcelo Neri é economista do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV). Artigo publicado em "O Estado de SP":

Me lembro da primeira vez que vesti óculos para miopia. Da indescritível sensação de começar a perceber a profundidade e clareza das coisas ao redor. Olhava maravilhado os contornos do mundo a minha volta. As possibilidades de enxergar o Brasil também têm evoluído.

Um marco foi 1995, quando o IBGE abriu os microdados de suas pesquisas conferindo liberdade a cada um de olhar, desde uma perspectiva própria, os brasileiros em suas casas.

Me lembro em 1994, mais ou menos na mesma época que fui introduzido aos óculos, de ler no New York Times sobre os determinantes do peso das crianças, pensava comigo quão distante disso estava o Brasil. À época, pensava antes e acima de tudo na inflação, que distorcia sentidos e preocupações. Hoje, a cada Pnad, debatemos nossas conquistas, percalços e desafios.

A edição de 2009 guarda novidades. Enxergamos se há nas garagens das casas motos (16%) ou carros (37%), o que permitirá medir impactos da redução do IPI durante a crise; vamos agora além do acesso à internet em computador pessoal (27%) e vemos que os brasileiros acessam mais a rede em computador coletivo (42%), mas o uso do celular é acima de tudo um bem pessoal (58% das pessoas têm).

Voltamos a saber detalhes da vida privada: se os adultos são solteiros (43%), viúvos (6%), separados (5%) ou casados (46%) de papel passado ou não; e se as relações entre Estado e empresas são de papel passado (apenas 14% dos conta próprias têm CNPJ - mesmo depois do advento da Lei do Microempreendedor Individual).

Agora, de todas as inovações introduzidas no questionário, a que eu gostei mais - e tenho um certo orgulho através de sugestão do movimento Todos pela Educação que faço parte - é a abertura dos alunos por redes de ensino público: federais (2,4%), estaduais (43%) e municipais (55%). Isso permitirá responsabilizar cada ator na cobrança de metas para tornar esta década a da qualidade da educação. Pois nesse campo só o que temos são desafios.

Talvez a melhor boa nova "pnadiana" seja que, apesar da crise, não há novidade no bolso dos brasileiros: segundo nossos cálculos sobre os microdados da Pnad, a renda per capita ou por brasileiro ainda cresceu 2,04% entre 2008 e 2009, apesar do repique do desemprego e da queda da taxa de ocupação.

Há outros fatores indo na direção contrária como aumento de formalidade, de salários, a expansão de benefícios previdenciários e de programas sociais.

Mais do que isso, a renda dos 40% mais pobres cresce 3,15% ante 1,09% dos 10% mais ricos. Ou seja a desigualdade continua em queda (Gini cai 0,7%). O que acontece ano após ano desde 2001 quando o então candidato Serra bradava "Tudo contra a desigualdade". Essa é a grande inovação tupiniquim na década que esta Pnad encerra.

Como consequência da manutenção do crescimento com redução da desigualdade, a pobreza também continua a sua tendência decrescente que vem desde 2003, quando o número de pobres segundo a linha da FGV era de 49 milhões de pessoas.

Após a recessão do primeiro ano do governo Lula até 2008, 19,5 milhões de pessoas saíram da pobreza e adicionamos mais 1 milhão no último ano, chegamos a um contingente de 28,8 milhões de pobres, um contingente ainda expressivo. A taxa de pobreza cai de 16,02% para 15,32% entre 2008 e 2009, uma queda de 4,37%.

Agora, se você quiser saber por que e para onde foram esses pobres, como anda a nova classe média brasileira aí incluindo seus bolsos, bens e aspirações, não perca a nova pesquisa do Centro de Políticas Sociais (CPS) que está saindo do forno.
(O Estado de SP, 9/9)

Pnad 2009: Brasileiro com mais de 50 anos avança na internet

Pnad 2009: Brasileiro com mais de 50 anos avança na internet

Número de usuários nessa faixa etária cresce 148% nos últimos cinco anos. No Sudeste, metade usa a web
Ainda são os jovens os que mais acessam a internet no Brasil. Mas foram os brasileiros acima de 50 anos que mais ampliaram a participação na rede: o grupo representa 15,2% dos usuários - uma minoria na internet, mas que deu um salto de 148,3% desde 2005.

Está no mercado de trabalho a explicação para o avanço da internet entre os mais velhos, diz o IBGE. Em 2009, as pessoas com mais de 50 anos com acesso à web somavam 6,2 milhões; contra 4,4 milhões no ano anterior.

- Muitos deles estão no mercado de trabalho, o que requer cada vez mais a ferramenta - disse Eduardo Nunes, presidente do IBGE.

Mas não só para trabalho a internet tem sido procurada pelos mais velhos. A facilidade de acesso a produtos e serviços também encanta o público dessa faixa etária. É o caso de Antônio Cavalcante, de 73 anos:

- Compro tudo pela internet. Eles entregam tudo direitinho.

Segundo a Pnad, 67,9 milhões de brasileiros têm acesso à internet. Um contingente que mais que duplicou em relação a 2005 (31,9 milhões).

Todas as regiões pesquisadas mostraram aumento no da rede. No Sudeste, quase metade da população usava internet (48,1%). Já as regiões Norte e Nordeste concentravam a menor proporção de usuários: 34,3% e 30,2%, respectivamente.

- Houve um salto gigantesco no acesso à internet. E isso é um ativo produtivo - resumiu Marcelo Neri, professor da FGV.

Segundo Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad, o barateamento da internet e a alta da renda dos usuários explica a expansão:

- A renda tem impacto direto no consumo de todos os bens.

Mais brasileiros também passaram a falar ao telefone. De 2008 para 2009, mais 2,1 milhões de domicílios passaram a ter algum tipo de telefone. O avanço dos celulares é ainda maior: mais 2,5 milhões de residências possuíam somente o aparelho móvel.

Nos domicílios com acesso à telefonia, o percentual dos que só tinham celular subiu de 16,5% para 41,2% entre 2004 a 2009. Já o número de domicílios que tinham apenas o convencional caiu de 17,5% para 5,8% no mesmo período.

Não importa se as estudantes Isabela Rodrigues e Renata Leal estão na rua ou no apartamento onde moram, em Copacabana: falar com elas só é possível pelo celular. E elas nem pensam em ter um telefone fixo.

- Como passo a maior parte do dia fora, o fixo não me faz falta. Só teria um caso fosse contratar algum plano com banda larga incluída - disse a aluna de Direito Isabela, de 20 anos, que gasta R$ 40 por mês com seus dois celulares.

72% dos lares já têm DVD, mais que máquina de lavar

Renda, crédito e incentivos à economia durante a crise ajudam a explicar os avanços na aquisição de bens, afirmou Marcelo Neri. Para se ter ideia, quase todas as residências do país têm fogão (98,5%), geladeira (93,9%) e TV (96%). Em 2001, 12,6% dos domicílios tinham microcomputador, alcançando 35,1% em 2009. No caso de microcomputador com acesso à internet, o pulo foi de 8,5% para 27,7%.

- Houve injeção de crédito, e as medidas de estímulo ajudaram bastante. Tanto que o PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de bens e serviços produzidos no país) do segundo trimestre já trouxe a ressaca do fim de incentivos - disse Neri.

Pela primeira vez, o IBGE pesquisou os aparelhos de DVD - que já estão em 72% dos lares. O artigo já é mais presente do que produtos tradicionais como máquina de lavar roupa (44,3%) e freezer (15,2%).

Fevereiro de 2010 ficou na lembrança da doméstica Josefa Maria da Silva, 50 anos. Após muita insistência, ela conseguiu que o marido, o zelador José Carlos da Silva Neto, de 61 anos, fosse até uma loja e comprasse sua primeira máquina de lavar.

- Estava precisando, e a mulher pedia há tempos. Nossa situação financeira melhorou e o preço baixou. Aí, não tive saída - contou Neto, que comprou em duas parcelas de R$ 750.

Segundo Marco Pazzini, diretor da IPC Marketing, o avanço no consumo é um retrato de melhorias no mercado de trabalho, facilidade de crédito, inflação controlada e tecnologia que barateia os produtos. Esses fatores ampliam a cesta de gastos da população. Em 2010, por exemplo, o maior peso no orçamento dos brasileiros é com pagamentos de prestações de financiamentos (R$ 545 bilhões), com participação de 26,1%.

- Esse processo de consumo é sustentável - disse.
(Fabiana Ribeiro, Clarice Spitz, Rennan Setti e Lino Rodrigues)
(O Globo, 9/9)

Pnad 2009: Desigualdade cai, mas rendimento dos muito pobres sobe menos

Pnad 2009: Desigualdade cai, mas rendimento dos muito pobres sobe menos

Pesquisa do IBGE mostra melhora dos indicadores, mas em ritmo inferior ao de outros anos
O rendimento médio real do trabalho cresceu 2,2%, chegando a R$ 1.106 por mês. A renda média mensal real por domicílio cresceu 1,5%, alcançando R$ 2.085. O Índice de Gini, que mede o grau de desigualdade de zero (igualdade plena) a um (desigualdade total), melhorou tanto pela renda do trabalho quanto pela renda domiciliar. O desemprego aumentou, mas o emprego formal, de melhor qualidade, também. E a ocupação subiu, mesmo sem acompanhar o crescimento populacional.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada anualmente pelo IBGE, mostrou que a crise econômica iniciada em setembro de 2008 teve impacto, mas não foi suficiente para reverter a trajetória favorável da maioria dos indicadores sócio-econômicos brasileiros nos últimos anos.

"Na verdade, esta não é uma Pnad tão boa quanto a do [começo do] real, nem como a do real do Lula [presidente Luiz Inácio Lula da Silva], de 2003 a 2008. Não é tão pungente, mas é um dado bastante razoável", destaca o economista Marcelo Néri, especialista em indicadores sociais da Fundação Getulio Vargas.

De 2008 para 2009, a Pnad mostra que o índice de Gini do rendimento do trabalho andou três milésimos a favor da redução da desigualdade, passando de 0,521 para 0,518, ritmo inferior aos dos outros anos.

Os dados revelam também que desta vez, diferentemente dos últimos anos, a queda não beneficiou os 10% mais pobres da população que tiveram aumento zero no rendimento do trabalho, que foi de R$ 127 em média nos dois anos. No grupo seguinte, dos 10% a 20% mais pobres, o rendimento só subiu 0,65%. Em 2008, a renda destes dois grupos subiu muito mais - 4,1% e 6,9%.

Já os 10% mais ricos alcançaram uma renda média mensal de R$ 4.702, 1,75% maior do que em 2008 e, no topo da pirâmide, a faixa de 1% de renda mais elevada obteve ganho de 3,3%. Em 2008, esta parcela mais rica da população teve ganhos menores, de 0,3% e 1,1%, respectivamente.

O que sustentou a queda da desigualdade foram as camadas intermediárias de renda, os grupos na faixa entre R$ 459 e R$ 710 de receita média mensal do trabalho (a Pnad divide os grupos de renda de 10% em 10%). Para os analistas Sônia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), e Jorge Abraão, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, o fenômeno tem a ver com a política de ganhos reais do salário mínimo.

Quando a conta é feita com base na renda domiciliar, que conta rendimentos de outras fontes que não a do trabalho, como aposentadorias, benefícios sociais (Bolsa Família, por exemplo) e outras fontes, o valor médio alcançado em 2009 foi mais bem distribuído, com crescimento de 1,46% entre os 10% mais pobres e de apenas 0,1% entre os 10% mais ricos.

Sônia, do Iets, avalia que os benefícios como o Bolsa Família são importantes, mas muito pequenos para influenciar de forma significativa nas estatísticas de renda e prefere, mesmo ressalvando ainda não ter estudado os números em detalhes, atribuir a melhora na distribuição da renda familiar - o Índice de Gini sob esse ponto de vista caiu de 0,514 para 0,509 - a fatores como o próprio salário mínimo e a aspectos demográficos, como a redução do número de crianças e jovens (a população de 0 a 24 anos baixou em 642 mil pessoas em relação a 2008), liberando mais adultos para trabalhar.

Néri, da FGV, elaborou os dados da Pnad, transformando a renda bruta domiciliar em renda domiciliar per capita, concluindo que, apesar da crise, a renda média do brasileiro subiu no ano passado 2,04%, passando de R$ 618 para R$ 630. Ainda segundo suas contas, houve aumento de 3,15% na renda dos 40% mais pobres e de apenas 1,09% na dos 10% mais ricos, fazendo com que houvesse uma queda da taxa de pobreza do país de 16,02% para 15,32% da população, uma queda de 4,37%.

De acordo com Neri, os números significam que o total de pobres no Brasil ficou 1,02 milhão menor, passando de 29,86 milhões para 28,84 milhões. O economista trabalhou com a linha de pobreza adotada pela FGV que considera pobre quem ganha até R$ 140 por mês. Segundo ele, se a linha adotada for a de meio salário mínimo, o total de pobres foi reduzido em três milhões no ano passado.

O economista destacou o que considera uma discrepância entre os dados da Pnad e os das Contas Nacionais (medem o Produto Interno Bruto-PIB). Pelos dados do PIB, que caiu 0,2% no ano passado, cada brasileiro ficou cerca de 1,5% mais pobre em 2009, enquanto os números da Pnad mostram crescimento da renda.

Mesmo ressalvando que os números da pesquisa social tendem a convergir para os mesmos do PIB ao longo do tempo, Neri ressaltou a tese de um grupo de economistas, entre eles o Prêmio Nobel americano Joseph Stiglitz, de que não se deve olhar apenas para o PIB na hora de medir os avanços de um país ou região.

Para Abraão, do Ipea, os resultados da Pnad foram positivos se considerarmos que eles foram coletados em setembro de 2009, justamente no ponto de saída da crise. Para ele, a alta da taxa de desemprego, de 7,2% para 8,4%, "tem tudo a ver com a crise", bem como a queda de 57,5% para 56,8% no nível de ocupação (população ocupada em relação à população em idade ativa) de um ano para outro.

Apesar da pequena queda na taxa de analfabetismo, de 9,8% para 9,6%, dando sequência a uma redução histórica, Sônia, do Iets destacou que a qualidade da educação segue sendo o calcanhar de aquiles da trajetória sócio-econômica brasileira.

Outro destaque levantado pelos analistas, neste caso negativo, foi o baixo crescimento do saneamento básico. Entre 2008 e 2009 a quantidade de domicílios com rede coletora ou fossa séptica ligada à rede coletora de esgoto pulou de 34,1 milhões para 34,6 milhões. Em números relativos, houve queda no volume de residências com esse serviço - de 59,3% do total em 2008 para 59,1% no ano passado.
(Chico Santos e Rafael Rosas)

Pnad 2009: Idade e localização dos analfabetos no país dificultam redução das taxas, diz ministro

Pnad 2009: Idade e localização dos analfabetos no país dificultam redução das taxas, diz ministro

Fernando Haddad ressalta que idade média do analfabeto no Brasil é de 56 anos
Atrair uma população idosa e moradora do campo para retornar às salas de aula é o principal desafio para reduzir as taxas de analfabetismo no país, avaliou o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE) de 2009, divulgada nesta quarta-feira (8/9), o Brasil tem atualmente 14 milhões de analfabetos, o que representa 9,7% da população acima de 15 anos.

De acordo com Haddad, nas áreas urbanas, na população entre 15 e 49 anos, a taxa de analfabetismo é inferior a 4%. Ele ressaltou ainda que a idade média do analfabeto no Brasil é de 56 anos. "É uma população dispersa pelo território e economicamente ativa. São pessoas que só teriam a noite ou o fim de semana para estudar. Não é uma tarefa qualquer."

Em 2000, o Brasil assinou acordo internacional com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) comprometendo-se a reduzir em 50% a taxa de analfabetismo até 2015. Isso significa chegar ao patamar de 6,7% em seis anos. As últimas edições da Pnad mostraram que a queda tem sido lenta. De 2007 para 2008 foi de 0,1% e de 2008 para 2009, de 0,3%.

Na avaliação do ministro, será necessário um "esforço adicional" para atingir essas metas. Segundo ele, é preciso continuar apostando na colaboração com municípios para chegar até essa população. "Acredito que o próximo censo [do IBGE] será uma grande instrumento para promover as alterações necessárias para acelerar o passo", afirmou. De acordo com ele, o censo trará um diagnóstico mais preciso do problema, permitindo o trabalho com prefeituras e regiões onde as taxas são mais altas.
(Amanda Cieglinski, da Agência Brasil, 9/9)

Pnad 2009: Analfabetismo cai, mas ritmo ainda é lento

Pnad 2009: Analfabetismo cai, mas ritmo ainda é lento

Taxa de analfabetismo no país recuou para 8,9%, mas 1 em cada 5 brasileiros é analfabeto funcional; relatório do Pnad mostra que taxas mais altas estão concentradas entre os mais idosos
De 2008 para 2009, o número de analfabetos com dez anos ou mais no Brasil caiu mais que de 2007 para 2008, mas o ritmo da redução continuou lento. Enquanto na Pnad 2008 a taxa praticamente não se alterara em relação ao ano anterior, passando de 9,3% para 9,2%, na pesquisa de 2009 o indicador passou a 8,9% - menos 0,3 ponto.

Mesmo assim, no ano passado 14,533 milhões de brasileiros desse grupo etário não sabiam ler nem escrever, ante 14,736 milhões em 2008. Na faixa de 15 anos ou mais, em 2009, pela primeira vez a taxa ficou abaixo de 10% (porcentual de 2008), chegando a 9,7% - 14,1 milhões de pessoas. De 2004 a 2009, a redução foi de apenas 1,8 ponto.

No analfabetismo funcional - pessoas com menos de quatro anos de estudo - chegou-se a 20,3%: um em cada cinco brasileiros. O indicador recuou 0,7 ponto sobre 2008 e 4,1 sobre 2004. "A maior concentração de analfabetos foi registrada entre as pessoas pertencentes aos grupos de idade mais elevada: 92,6% deles tinham 25 anos ou mais", diz o relatório, Entre quem tinha de 10 a 14 anos, em 2009 a taxa era 2,5%; entre 15 e 17 anos, 1,5%; de 15 a 24 anos, 1,9%.

A partir daí, o indicador dá um salto, ultrapassando a média nacional na população com mais de dez anos: 10,3% para a faixa de 18 anos ou mais e 12% para quem tinha 25 anos ou mais. Em todos os grupos etários, houve recuo, com destaque para o grupo mais velho, cuja proporção, em 2008, era 12,4%. O porcentual de analfabetos com 10 anos ou mais em 2009 era maior entre homens (9,1%) que mulheres (8,8%).

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Nunes, o analfabetismo é produto de uma sociedade que "num passado não muito distante tinha um estoque de analfabetos muito alto, quando a população era jovem".

"Essa população vem envelhecendo. Então, aquele estoque de pessoas que no passado eram jovens e analfabetas hoje são idosas e analfabetas. É isso que faz a taxa de analfabetismo ficar num patamar alto e portanto sua queda seja lenta", explica Nunes. "Agora, da população até 14 anos e de 14 até 25, o padrão de analfabetismo no Brasil é igual ao de países desenvolvidos", ressalta.

Os números da Pnad 2009 corroboram essas afirmações. Segundo o estudo, se a observação for restrita a quem tem 50 anos ou mais, a taxa de analfabetismo no ano passado chegava a 21% no Brasil e a 40,1% no Nordeste. É justamente no Nordeste que a taxa de analfabetismo, em 2009, era maior, situação já verificada em Pnads anteriores. Mas foi na mesma região que houve o maior recuo: de 17,7% para 17%, menos 0,7 ponto.

No Norte, caiu de 9,7% para 9,6%; no Sudeste, de 5,4% para 5,2%; e no Centro-Oeste, de 7,4% para 7,3%. No Sul, ficou em 5%. As diferenças se repetem no analfabetismo funcional: em 2009, 30,8% dos nordestinos estavam nessa situação, ante 31,6% em 2008 e 37,4% em 2004.

Mão de Deus

"O problema do analfabetismo se resolve pela mão de Deus: os analfabetos morrem", diz o especialista em educação Claudio de Moura Castro. Para ele, como o sistema não produz mais novos analfabetos e alfabetizar a partir "dos vinte e tantos anos" não funciona, as taxas de analfabetismo no país cairão lentamente, nos próximos anos. "São estatísticas inerciais. Até a velhinha de 100 anos analfabeta está puxando o número para baixo."

A falta de investimento e a dificuldade de implementar métodos pedagógicos atraentes são os principais entraves para a erradicar o analfabetismo no país, segundo especialistas. "Os programas têm enorme dificuldade em manter essas pessoas estudando. A evasão é muito grande", diz Mozart Ramos, do movimento Todos Pela Educação. "Por mais que se faça um esforço inicial grande em identificar e matricular esses adultos, eles não aguentam por muito tempo."

Para o diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ, Marcelo Neri, quanto mais avançada a idade, mais difícil é a inclusão em políticas de alfabetização. "Por isso os programas são caros e pouco eficientes."
(Wilson Tosta)
(Mariana Mandelli)

'Um cidadão não educado atrapalha a sociedade", entrevista com Daniel Cara

A pequena queda no número de analfabetos e a estagnação da taxa de escolaridade não são problemas apenas da educação brasileira, mas sim de todas as políticas públicas do país, explica Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, organização da sociedade civil que defende os direitos educacionais.

- Podemos comemorar os números da Pnad?

Não. A queda na taxa de analfabetismo, de 0,3% (acima dos 10 anos), e o aumento da escolaridade (entre 6 e 14 anos), de 0,1%, são muito pequenos. No caso do analfabetismo, o Brasil está 10 anos atrasado - a erradicação estava prevista para a década seguinte à Constituição de 1988. Caminhamos lentamente.

- Quais são os maiores entraves para erradicá-lo?

O Brasil precisa ter consciência de que os "remédios" usados até agora não surtiram efeito. Os investimentos em alfabetização do Ministério da Educação estão sempre aquém de outros programas. Precisamos também de novos arranjos pedagógicos. Os que existem não seguram o adulto analfabeto na escola, porque depois de uma vida inteira fora dela, fica difícil para ele se identificar com esse ambiente. O maior problema é que a educação não faz sentido na vida dessas pessoas.

- E como desenvolver nelas o interesse pela educação?

A sociedade brasileira não vê a educação como um bem. Isso se dá somente no âmbito pessoal e familiar. Quando analisamos o todo, percebemos que aqui não se valoriza a educação. No caso dos analfabetos, temos de fazer com que eles percam a vergonha de uma culpa que não é deles, mas sim de um problema estrutural de governo que se arrasta há décadas. E isso se dá no ambiente comunitário, incentivando a autoestima deles. Um cidadão não educado atrapalha a sociedade.

- Como podemos avançar nas taxas de escolarização?

Quem está fora da escola são, basicamente, crianças com deficiência. A solução não passa apenas pela educação, mas sim por áreas como saúde e assistência social. E também pela maior transferência de recursos da União para os municípios - são eles quem vão identificar e cuidar dessas crianças.
(O Estado de SP, 9/9)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Associativismo, Auto-Mobilização, Ativismo Urbano & Qualidade de Vida na Cidade de Lisboa

Nesta sexta-feira (10.09), às 10 horas, acontece a palestra Associativismo, Auto-Mobilização, Ativismo Urbano & Qualidade de Vida na Cidade de Lisboa, proferida pelo Professor Manual Villaverde Cabral, no IPPUR / UFRJ. Mais uma das atividades promovidas pelo Observatório das Metrópoles, a palestra versará sobre um dos atuais temas de interesse do professor, o da sociologia das atitudes e comportamentos políticos, nomeadamente o exercício da cidadania democrática nas suas relações com a história política portuguesa e com a estratificação e a equidade sociais.

Manuel Villaverde Cabral é investigador coordenador e presidente do conselho directivo do ICS-UL. Tem Doutorado em História pela EHESS - Universidade de Paris I. É organizador, juntamente com Filipe Carreira Silva e Tiago Saraiva, do livro Cidade&Cidadania cujos artigos giram em torno do tema da nova cultura política nas metrópoles.

O professor português coordena por parte do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa a pesquisa articulada a partir da rede International Social Survey Program - ISSP, com parceria com o Observatório das Metrópoles e o Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro através do projeto Cidade, cidadão, cidadania.

A cidade e o teatro. O Rio de Janeiro Imperial

Na próxima segunda-feira (13/09), às 09:30, acontece a Oficina Mensal de Planejamento Urbano do IPPUR / UFRJ. O tema desta oficina é A cidade e o teatro. O Rio de Janeiro Imperial . O expositor é Antonio Herculano Lopes - Pesquisador em História da Fundação Casa de Rui Barbosa. Doutor em Estudos de Performance (New York University); organizador e co-autor, entre outras publicações, de “Entre Europa e África: a invenção do carioca”.


Resumo: “A vinda da corte de D. João para o Rio de Janeiro fez com que o teatro se tornasse uma atividade central na vida da cidade. Esta, por outro lado, passou a ser tematizada, sobretudo com a independência e com o estabelecimento de companhias e de uma dramaturgia nacionais. Assuntos como a vida moderna, mudanças nos papeis das mulheres, relações interétnicas e interclasses e a representação da nação tiveram como pano de fundo uma cidade vista como metrópole e ponta de lança da inserção do país na civilização. Esta oficina se propõe a discutir tais representações da cidade a partir da obra de alguns dramaturgos do Oitocentos fluminense.”

A participação é livre, sem necessidade de inscrição. Aos interessados, há possibilidade de solicitar declaração de participação.

sábado, 4 de setembro de 2010

Universidade de São Paulo lança biblioteca digital de cartografia histórica

Universidade de São Paulo lança biblioteca digital de cartografia histórica
Fonte: MundoGeo


O Projeto Dimensões do Império Português/Cátedra Jaime Cortesão, o Instituto de Estudos Brasileiros e o Centro de Informática de São Carlos da Universidade de São Paulo convidam para o lançamento da Biblioteca Digital de Cartografia Histórica.


A Biblioteca Digital de Cartografia Histórica da USP reúne a coleção de mapas impressos do antigo Banco Santos - atualmente sob custodia do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), conforme determinação da Justiça Federal. Além de disponibilizar os mapas em alta resolução, o site oferece informações carto-bibliográficas, biográficas, dados de natureza técnica e editorial; assim como verbetes explicativos que procuram contextualizar o processo de produção, circulação e apropriação das imagens cartográficas.


Com lançamento marcado para dia 1 de setembro de 2010, às 11h30, o evento será realizado no Auditório IEB, na Avenida Professor Mello Morais, Travessa 8, Número 140, na Cidade Universitária, em São Paulo.




Links:
http://www.saocarlos.usp.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3359&Itemid=1

http://www.mapashistoricos.usp.br/